Helmo de Freitas Helmo de Freitas - Meu Rio

Com água no meu peito
Me doendo no coração
Ao ver o desmatamento
Cabresteando a erosão

Ao longe se vê o clarão
No fogo queimando o mato
Tarumã, cedro e angico
Em carvão, taco e cavaco

Os redemoinhos dançando
Nesta água eu quero ver
Não me matem o este rio
Ao menos enquanto eu viver

Rio, rio, rio, rio
Que mergulhou minhas lembranças
Rio da minha infância

Linha caniço e bocó
Entre os dedos as tamancas
Quantos capinchos eu vi
Se jogando das barrancas

No remanso a garça branca
E a moura tinha um sossego
O biguá corria na água
Na frente do cisne negro

Os redemoinhos dançando
Nesta água eu quero ver
Não me matem o meu rio
Ao menos enquanto eu viver

Dum nasci,
Do outro cresci
Deixei minha fome na pitanga
Meu sangue na japecanga
Rio, rio que me deixou assustado
No meu primeiro dourado